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quinta-feira, 13 de março de 2014

CRISE DOS 2 ANOS NA INFÂNCIA

Criança demonstrando raiva e ameaçando agredir - Foto: Refat/Shutterstock.com

Por volta dos dois anos de idade a criança entra em uma fase conhecida comoadolescência do bebê, outerrible twos, em inglês. É quando começam as frequentes crises de birras e malcriações sempre que sua vontade é contrariada. Mesmo os mais bonzinhos e tranquilos surpreendem os pais com ataques de choro e gritos, se jogam no chão, agridem os amigos, batem a cabeça na parede, mordem, beliscam e dizem “não” a tudo que lhes é pedido.
Essa mudança no comportamento, em geral, ocorre entre 1 ano e meio e 3 anos de idade, embora não seja raro se estender até os 4 anos. Normalmente, este comportamento é observado diante das intervenções dos pais. “Deve-se ressaltar que o desejo de contrariar os pais parece ser uma constante na crise dos dois anos”, afirma Anne Tarine Veloso, psicoterapeuta especializada em Cognição e Neurociências do Comportamento.
Nem toda criança passa pelo período com este padrão de comportamento, embora todas estejam sujeitas, uma vez que a crise está associada ao desenvolvimento normal da criança. “É importante sublinhar que, neste mesmo período, algumas mudanças importantes estão ocorrendo, como um abrupto desenvolvimento cerebral. Por consequência, o aumento considerável na competência linguística, na organização do pensamento e na capacidade de exploração do mundo trazem uma percepção de autonomia e independência para tomar decisões ao seu modo”, explica Anne.

Como lidar com a adolescência do bebê?

A grande pergunta é: como os pais devem agir para evitar ou minimizar esse comportamento? Muitas vezes os pais acabam perdendo a paciência na hora da crise porque não adianta conversar, pedir, gritar, ameaças ou colocar de castigos. “A punição ou mesmo tirar a criança de perto de outras crianças faz com que demore ainda mais para passar essa agressividade”, explica a psicóloga infantil Adriana Trifone. “Na realidade não é agressividade pura e sim uma fase de aprendizagem onde a criança faz suas experiências e vê as diferenças entre uma ‘mordidinha de amor’ e outra mais forte que vai doer muito no seu amiguinho”.
Segundo a psicóloga, se os pais agirem com amor, afeto e respeito podem fazer com que esta fase seja mais rápida e menos dolorida. “Para a criança pequena é importante ter limites colocados de modo suave, mas com firmeza. A criança deve aprender que há coisas que pode fazer e coisas que não pode. Principalmente com o exemplo dos pais, aos poucos e com muita paciência é que a criança vai assimilando as regras, que devem ser claras. Elas só serão seguidas se forem entendidas e aceitas pela criança”, diz Adriana.
Na prática, quando a criança começa a espernear na fila de um supermercado, por exemplo, os pais precisam manter a calma. “Seja compreensivo. Mesmo que não ceda às exigências do seu filho não significa que não possa entender o porquê dele estar alterado” ensina a psicóloga Anne Tarine Veloso. Deve-se abaixar à altura da criança e conversar sem reforçar o mau comportamento.  “Não negocie no calor da crise, nesse momento você pode sentar-se ao lado da criança e esperar até que as coisas se acalmem, pode tentar abraçá-la, mesmo que ela não aceite bem o seu afeto, isso demonstra que ela pode esperar compreensão e amor. Lembre-se que isso é uma fase e vai passar”.

O que fazer quando a criança vai para a escolinha e está na fase da crise?

Geralmente, a crise dos dois anos de idade acontece na mesma época que a criança vai começar a frequentar a escolinha. Os pais, claro, temem problemas de socialização e agressões aos amiguinhos.
Na verdade, frequentar a escolinha nesse período difícil não é um problema. Ali, ela terá a oportunidade de conviver com outras crianças e aprender a interagir, ceder, dividir, o que pode fazer com que passe mais rapidamente pela fase.
Como nessa idade a criança ainda não tem maturidade para conviver em grupo e pensa ser o centro do mundo, no início a convivência em grupo será difícil e provavelmente haverá brigas pelo mesmo brinquedo, conflito e muito choro. Nesse momento, a intermediação dos professores deve ser rápida e não negociável. A escola pode ajudar tendo respeito à individualidade de cada criança e ter regras bem claras, sem contradições.

Dicas para enfrentar a crise dos dois anos do bebê:

Não use chantagens e ameaças. Dizer “se fizer isso não gosto mais de você” só irá deixar a criança mais triste, insegura, desconfiada, tensa e cada vez mais agressiva.
Não sobrecarregue a criança com uma rotina puxada. Atividades, cursos, creche, enfim, uma agenda ocupada da primeira à última hora do dia, além de produzir uma superestimulação, prejudica o próprio convívio social em família, o que facilita o surgimento das crises;
Encoraje a criança quando se sentir frustrada. Em qualquer sinal de frustração na realização de atividades ao longo do dia, ainda que seja o simples manejo de um brinquedo, é importante que o pai encoraje-o a continuar, com zelo e carinho. Oferecer ajuda, nestes casos, pode ser uma atitude que faz a diferença;
Incentive a independência de forma coerente. É importante estimular a criança a realizar tarefas sozinhas, desde que esteja de acordo com a sua capacidade;
Deixe que tomem pequenas decisões. Eles precisam entender que podem fazer algumas escolhas, como o sabor do sorvete ou a cor da camiseta nova. Porem outras não entram em negociação, como o uso da cadeirinha no carro e o horário de ir para a cama.
Observe o comportamento. É importante lembrar que a crise dos dois anos reflete um comportamento de exploração do mundo e os movimentos nessa direção podem ser bem vindos. Porém, se estiverem acompanhados de falta ou excesso de apetite, alterações no sono, sinais de maltrato no corpo, medo no enfrentamento de situações rotineiras e dificuldade de convívio e contato social, pode ser sinal de algum outro problema.
Entenda que é uma fase de aprendizado e mostre o caminho. Os pais precisam aceitar que seus bebês estão se tornando pessoas mais independentes, com opiniões, desejos e comportamentos diferentes. Esse é o momento em que estão descobrindo o mundo por seus próprios sentidos e nem sempre sabem o que estão fazendo. Os pais precisam estar sempre por perto sinalizando o que é certo ou errado, bom ou ruim.

sábado, 8 de março de 2014

DORMIR NA CAMA DOS PAIS, FAZ TÃO MAL ASSIM?

Apesar de não ser uma novidade, esse hábito é frequente em muitas famílias. Veja o que dizem os especialistas




 Shutterstock
Desde que seu filho nasceu, a sua cama ficou pequena demais? Saiba que compartilhar esse espaço com os filhos, apesar de muitos pais negarem, é mais comum do que se imagina. Um estudo britânico revelou que 40% dos pais deixam as crianças passarem a noite junto com eles. Não existem estatísticas sobre esse assunto no Brasil, mas os pediatras acreditam que a situação seja frequente por aqui também.
"Acredito que isso tem aumentado porque, com os pais fora de casa, o contato com as crianças é menor atualmente", diz Gelsomina Colarusso, neuropediatra. Assim, ficar juntinhos de noite é uma maneira de compensar essa ausência, resolver alguns problemas (se a criança tiver medo de escuro, por exemplo, ou os pais muito cansados para levá-la de volta ao quarto) e, claro, de matar a saudade.
Em nossa página do Facebook, o assunto ganhou fôlego. Daiane Mendes Ferreira, mãe de um menino de 4 anos, conta que até hoje o filho dorme na sua cama e agora a luta é colocá-lo para dormir em seu quarto. “Parece fácil, mas não é. Essa transição está sendo, no mínimo, demorada e estressante. Mas nós não vamos desistir”, escreveu. Afirma, ainda, que sabe que essa situação prejudica tanto a privacidade do casal quanto a autonomia do filho. 


E é exatamente isso que alertam os especialistas. Apesar de ser prazeroso dividir a cama com os filhos, como você já deve suspeitar, há riscos. A pediatra Márcia Pradella-Hallinan, coordenadora do setor de pediatria do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), faz algumas ressalvas. "A divisão da cama pode restringir os movimentos do bebê", afirma. Além disso, diz Mauro Borghi, pediatra do Hospital São Luiz (SP) pode-se machucar ou até sufocar a criança. “É contraindicado em qualquer idade”, enfatiza. Isso sem contar o quanto o sono do casal fica prejudicado. 



Pelo receio de que algo aconteça com o filho, a arquiteta Camila Cavalcante, 35 anos, nunca deixou o filho caçula, Pedro, de 11 meses, dormir com ela. “Acho perigoso um bebê dormir com os pais. Como os quartos são próximos, eu uso babá eletrônica com vídeo. Prefiro observá-lo por ela ou indo até lá mesmo”, diz. Já com a filha Gabriela, de 3 anos, há exceções. “Quando ela está doente ou em alguns finais de semana em que estamos muito cansados, eu deixo, porque dá mesmo trabalho convencê-la de dormir no quarto dela.” De fato, em algumas ocasiões, deixar a criança dormir com os pais é mais prático mesmo. Mas como lembra a neuropediatra Gelsomina, os pais precisam saber que há chances dela se acostumar e dar o maior trabalho na hora que tiver de voltar para o próprio quarto.

O que também preocupa os especialistas são os danos ao desenvolvimento emocional das crianças. Para a pediatra Márcia, da Unifesp, dividir a cama com os filhos pode deixá-las mais dependentes. Outra crítica diz respeito à vida a dois. Se, por um lado, a cama familiar aproxima pais e filhos, pode interferir na intimidade e, assim, no relacionamento do casal.


OK. Você leu tudo isso e está se perguntando: “E agora? Como fazer meu filho dormir no quarto dele?”. Muita calma. “A transição deve ser feita de forma gradual. Uma dica é o pai ou a mãe ficar ao lado da criança, numa cadeira, por exemplo, até ela adormecer. E repetir o processo sempre que o filho acordar”, afirma Borghi. Um quarto aconchegante, um objeto de transição (como um ursinho ou paninho) e uma luz fraca para espantar o medo do escuro também ajudam, junto com muita paciência e persistência dos pais.

COMPORTAMENTOS INFANTIS


"Para ser lido e comentado em reunião de Círculo de Pais e Professores."
Mãe e filho
Superproteção não é boa Educação...
O cuidado exagerado com os filhos pode ter efeitos colaterais graves...
"Ele só gosta de dormir na minha cama comigo... Não tem jeito..." 

"No seu caso, receita-se uma cama." 

"... Mas há um remédio com esse nome?" 

Não, minha senhora, não há uma droga com esse nome. Mas o remédio para o caso do seu filho é esse mesmo: uma cama, este clássico móvel que as pessoas usam para dormir inclusive. 

Acomodar seu filho no seu leito conjugal é erro de graves consequências futuras, e nesse erro incorrem pessoas de todos os níveis. 

Diz a senhora que o menino é "muito pegado" consigo, que "não faz mal porque ele ainda é muito pequeno" e etc. Muito bem! Até quando essa situação poderá ser tolerada? "Quando ele for grandinho, naturalmente que dormirá noutro quarto..." 

Bem quando ele for grandinho, então, o mal que se poderia fazer terá chegado a seu termo. A senhora o trará, novamente, para que o examine. A esse tempo não receitarei mais uma cama, talvez, nem mesmo droga nenhuma. Ele precisará, talvez, dum dispendioso tratamento analítico, demorado e paciente. E trará no seu passivo social, possìvelmente, um largo prontuário de êxitos negativos. Ah, a senhora conhece muitas pessoas que quando meninos dormiam com os pais e que não sofrem dos "nervos"? Olhe aqui: Acontece que dormir na cama dos pais não causa doença nervosa, propriamente, o que provoca ou pode provocar é uma série de distúrbios na formação da personalidade do indivíduo. Distúrbios que poderão vir à tona sob a forma de desvios, perversões, fixação e complexos diversos que marcarão a vida do adulto depois. 

Se sob o ponto de vista da higiene física já o fato de dormirem duas pessoas na mesma cama não chega a ser coisa recomendável, sob o ponto de vista da higiene mental dormirem os pais com o filho no mesmo leito constitui um hábito dos mais perniciosos. E veja bem: dormir mesmo em outra cama, mas no mesmo quarto, ainda é uma prática nociva, pois a vida íntima dum casal não deve constituir um espetáculo para os olhos de uma criança. 

Diz a senhora que o "inocentinho" não percebe nada... Pois sim. É que os adultos facilmente esquecem que a perceptividade da criança é muito mais aguçada do que se imagina e que as imagens gravadas até os quatro anos de idade formam um lastro que, do seu inconsciente, pode determinar as mais variantes normas de conduta e atitude, refletindo-se, depois, à distância, como um nódulo ignorado mas atuante sobre seu Ego na sua vida futura. 

Seu filho deve ser habituado a dormir em cama própria e noutro quarto ou noutra parte da casa, sem a participação de adultos. Deve ser habituado a deitar-se em hora certa e a adormecer naturalmente. Sem embalos, sem cantorias, sem cafunés, sem histórias, sem carícias nos dedos dos pés ou em qualquer outra parte do seu corpo, sem ameaças, sem rituais e sem medo. O medo que algumas crianças tem do escuro ou do isolamento lhes é incutido pelos adultos que exaltam a sua imaginação com histórias impróprias ou com o terror condicionado: "se não dormir logo vem o bicho papão e lhe pega" ou "olhe o homem do saco" ou qualquer variante dessas estúpidas coações. 

Se algum familiar já se encarregou de lhe semear o terror, faça cessar a sua influência malévola e reeduque, pelo exemplo, o garoto, fazendo-lhe ver que tais coisas não existem e incutindo-lhe a noção de segurança que ele deve sentir no seu lar. 

Por mais humilde que seja a sua casa há de se encontrar um lugar onde a criança possa ter o seu recanto. Cerque-o de brinquedos simples: bolas, bonecas, animais de brinquedo. Não diga que não os pode comprar. Você mesmo pode fazer pequenos brinquedos para o seu filho e um boneco de pano de fabricação caseira lhe causará tanto prazer quanto um outro qualquer. Um jogo de armar, feito com quadrinhos de madeira, serrados em casa e coloridos, lhe fará tão feliz quanto um outro de custo elevado mas que, na essência, é a mesma coisa. 

Preparar assim a sua pequena estante de brinquedos ao lado da cama do menino. Aquele será o seu "território", onde ele poderá desenvolver guiado por sadias normas e onde ELe(A) poderá incutir hábitos corretos. 

Seu menino deve dormir em cama própria e fora do quarto dos pais. Esta é mais do que uma receita. É uma orientação para que ele possa melhor vencer as diversas fases de evolução natural dos seus sentimentos em relação aos pais, condicionadas a um fenômeno psicológico conhecido pelo nome de COMPLEXO DE ÉDIPO.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Mordidas na Escola: O Que Fazer?


É muito comum que nas escolas de educação infantil, mais especificamente nas turmas de maternal, de crianças com aproximadamente dois anos de idade; aconteçam as mordidas. Nessa idade a criança encontra-se na fase oral, do desenvolvimento da personalidade.
A criança tem o seu primeiro contato com o mundo através da boca, pelo seio materno, que lhe proporciona o prazer de saciar sua fome. Em razão dessa relação de prazer, à medida que cresce leva outras coisas à boca, como as mãos e os pés. Aos poucos vai tentando saborear outros objetos e até mesmo as pessoas, na tentativa de conhecer e descobrir melhor o mundo.
Segundo D’Andrea, a fase oral é dividida em duas etapas, a de sucção e a de mordida. Na fase da mordida “há uma tendência a destruir, morder, triturar o objeto antes de incorporá-lo”. Essa fase é dividida em duas características principais, sendo oral receptiva, quando o sujeito não passa por privações, tornando-se uma pessoa muito generosa e oral agressiva que aparece uma “tendência a odiar e destruir, a ter ciúmes da atenção que outros recebem, a nunca estar satisfeito com o que tem e a desejar que os outros não tenham algumas coisas, mesmo que não as queira para si”. É como se a pessoa quisesse se vingar das frustrações que o período de amamentação lhe causou.
A criança que morde na verdade está procurando uma formaprazerosa de se expressar com o mundo, de se descobrir dentro dele, pois nesta fase a sua libido está centrada na boca, na porção superior do trato digestivo.

“Morde não mãe, que dói”
Através desse contato, aos poucos vai percebendo várias diferenças como doce e salgado, duro e mole. E na escola, ao morder um amigo, descobre novas sensações de prazer, como em ver o susto, a reação, o choro do outro. A partir dessa sensação agradável, volta a fazer repetidamente.
As mordidas acontecem em situações de disputa por brinquedos ou quando entra uma criança nova no grupo, causando emoções como insegurança, medo da perda ou ciúmes do novato, já que a professora está com a atenção mais voltada para o mesmo. Como não consegue administrar seus sentimentos, manifesta o incômodo através da mordida.
Os pais devem ficar atentos à organização do espaço escolar, se neste existem materiais e brinquedos adequados à faixa etária das crianças e se estão em quantidades suficientes para os mesmos. A falta desses materiais, bem como a falta deplanejamento e organização de atividades, deixam as criançasociosas por longos períodos, e podem ser a causa das mordidas constantes.
Um grande problema que temos presenciado comumente entre as famílias, são os pais brincando com os filhos usando a boca, dando pequenas mordidas nos mesmos, fazendo barulhos, etc. Essas atitudes não são erradas, mas podem confundir as crianças, que reportam para outras crianças as mesmas brincadeiras, porém podendo machucá-las, já que ainda não possuem domínio da força da mandíbula. As famílias devem seconscientizar que essas brincadeiras, apesar de trazerem sentimentos positivos, podem causar atitudes de agressividade na criança, que ainda não controla seus impulsos e não sabe distinguir o certo e o errado.
A mordida na escola é uma situação constrangedora para todos os envolvidos. Os pais da criança mordedora sentem-se muito mal, ficam envergonhados, os pais da criança agredida ficam chateados com o machucado do filho e sentem-se culpados por deixarem a criança na escola. Já a escola, por sua vez, tem a difícil tarefa de mediar as relações entre as crianças e seus familiares, a fim de amenizar os sentimentos negativos da situação.
Devem criar situações para estabelecer os limites dentro da mesma, mostrando para os alunos que devem respeitar os amigos, tratá-los bem, com carinho e mostrar que a criança machucada fica triste, que chora por ter sentido dor.
Aos poucos, as crianças vão apreendendo esses conceitos e descobrindo outras formas de sentir prazer.
Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

Até os três anos de idade, as mordidas são conhecidas, comuns entre as crianças, mas sempre preocupam pais e professores. Para entender o fato, é preciso voltar nossa atenção para o desenvolvimento físico e emocional das crianças.

O mundo pela boca
Crianças pequenas têm interesse e curiosidade por tudo que há à sua volta. A grande interação com o mundo, todos sabem, principia pela boca, por onde o indivíduo faz importantes descobertas separando o que o constitui e o que constitui o outro. Significativas sensações de prazer físico, psíquico e social acontecem nesse período, que acompanha a dentição. Na fase oral, encontramos, com frequência, a criança mastigando, sugando, chupando, produzindo sons, levando objetos à boca. E mordendo. Desejando conhecer o outro, apropriar-se dele - coisas e pessoas - , manifesta-se desse modo, com essa agressividade primitiva.

É meu!
É claro que, um pouco mais tarde, a mordida ganha nova feição, passando a ser um modo de chamar a atenção mais rapidamente ou a resposta a um desejo contrariado (antes o choro era o recurso mais utilizado para isso). Normalmente essa criança ainda não fala com tanta fluência, articula as palavras com alguma lentidão e sabe que, com essa abordagem mais "enfática", resolverá mil vezes mais rapidamente a disputa pelo brinquedo. Apesar de sabermos que essas manifestações agressivas na infância não resultam na constituição de um sujeito violento na idade adulta, é claro que esse comportamento deve ser desestimulado. Com a estruturação da linguagem e do pensamento, com a construção da razão, a criança encontra estratégias mais refinadas para solucionar conflitos. Em situações estressantes, esse tipo de reação também não é algo raro. Mães e professores têm relatos de crianças que, em meio a um grande número de pessoas, como em festas, por exemplo, mordem por ansiedade e insegurança. Alguns momentos na vida da família também podem detonar irritabilidade e agressões: um irmãozinho chegando ourecém-nascido; pai e mãe se separando; mudança de casa ainda não assimilada; todos são exemplos muito comuns. Ainda devemos lembrar dos filhos únicos e mais possessivos, que costumam ter um baixo nível de tolerância.

Ajudando a criança que morde
Cabe-nos ajudar tanto a criança agressora quanto a que sofre as investidas identificando as razões das mordidas e interrompendo o processo para evitar a instalação da agressividade no grupo. Dê possibilidade a seu filho ou aluno de expressar o que ele sente para que compreenda o que está acontecendo consigo. Quando ele não souber dizer por que mordeu o colega, experimente oferecer-lhe algumas opções. Fora da situação em que os ânimos estão exaltados, mostre à criança que o amigo ficou triste e machucado. É importante considerar que o conceito de dor, como o de outras sensações, é construído. Imaginar-se no lugar do outro é um excelente exercício para despertar a percepção das consequências das ações que se pratica. Por mais que pareça a melhor medida, o isolamento da criança não resolve o problema. Aprende-se a conviver bem experimentando a convivência. Ao mesmo tempo, dê mais atenção às crianças para reduzir a incidência de ataques. Antecipe a ação negativa intervindo para evitar que a criança reincida. É preciso aprender a identificar o contexto dentro do qual ela apela para a mordida. Assim, quando estiver diante da situação-limite, a criança terá a chance de ser estimulada a trocar a comunicação corporal pela argumentação verbal. Impeça que a criança sinta-se premiada com o comportamento inadequado. Ela não deve usufruir daquilo que conquistou à base da mordida (isso vale para chutes, beliscões, tapas, arranhões). Além disso, estimule sempre um pedido de desculpas. Se você perceber a necessidade de ameaçar com uma medida punitiva, combine o que acontecerá se o ato voltar a ser praticado e cumpra o combinado. Voltar atrás é dizer que você não tem certeza de sua decisão. Vale lembrar que a punição não deve ser física e que a criança não deve ser humilhada.

Ela foi mordida de novo
Muitas vezes, avalia-se que uma criança é precoce, que é mais madura porque gosta mais de conviver com crianças mais velhas ou com adultos, demonstrando desconforto, inquietude, irritação quando está com outras crianças de sua idade. Claro que é possível que isso ocorra, mas o que verificamos, normalmente, é que o dia-a-dia entre indivíduos da mesma faixa etária, na fase do desenvolvimento de que estamos tratando, é mesmo o que há de mais difícil - por isso, às vezes, menos desejado -, pois todos têm demandas semelhantes. Aqui não há o que "tem que ceder porque o amigo é mais novo". Voltemo-nos para a criança que é mordida repetidas vezes. Ela precisa de acolhimento - atenção e ajuda - para melhorar seus reflexos, expressar seu descontentamento e encontrar mecanismos de defesa. Fortalecê-la, porém, não é incentivar o revide, o que ocorre com frequência com alguns pais pelo receio de que seu filho se torne um sujeito passivo diante da vida. É preciso lembrar que o adulto não deve oferecer um modelo agressivo sob pena de fixar o ambiente hostil que está rondando os primeiros relacionamentos da criança. Por mais que seja sofrido ver o filho marcado por um colega, evite o rancor, pois a criança que morde não é má, e seus pais sofrem muito temendo que ela seja discriminada pela turminha e pelos outros pais.

MORDIDAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL



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    O porquê das mordidas... 
    A maioria dos pais não entende e não busca conhecimento sobre o universo da criança para poder compreender suas atitudes. Acabam por tomar posições preconceituosas, irresponsáveis; e não lidar bem com as situações de conflito no momento oportuno, adiando o comprometimento com a educação de seus filhos. Ao acusar babás e professoras de negligência, afastam-se cada vez mais do entendimento, associando, muitas vezes, episódios momentâneos a um grande problema psicológico da criança, não permitindo assim seu pleno amadurecimento. 

    É a partir do aparecimento dos primeiros dentinhos, até cerca de dois anos de idade, que se tornam comuns os episódios com mordidas entre crianças. Os motivos vão desde o desconforto bucal, que pode estar gerando dor ou coceira, passando por formas de expressão das vontades da criança até conflitos comportamentais gerados pelo meio em que vive. 

    Fazer parte de uma turma de crianças desconhecidas em uma escola, por exemplo, significa aprender bem cedo a lidar com regras sociais, a compartilhar e a saber conviver harmoniosamente em grupo. O período de adaptação é uma grande aprendizagem para os pequenos que, não raras vezes, inclui muito choro, frustração e agressividade. A criança estará num espaço novo, sem a presença de seu grande porto-seguro (os pais) e terá que aprender sozinha a reivindicar coisas e se defender. 


    A primeira percepção das mordidas no mundo infantil pede um resgate à fase oral, vivenciada pelos seres humanos até aproximadamente dois anos de idade. Nela, segundo o psicólogo e filósofo Piaget, a criança experimenta o mundo com a boca. Primeiramente ao mamar, depois no contato com chupetas ou o próprio dedo e, em seguida, levando à boca brinquedos e diferentes objetos com os quais tiver contato. A boca é o instrumento de prazer da criança nesta fase, associada também à saciedade pela alimentação. Mas, além do prazer, substituindo a linguagem ainda não adquirida, a boca ocupa o lugar do ataque e da defesa. 

    Para disputar brinquedos, por exemplo, a forma mais rápida que a criança enxerga é o contato físico, já que sua linguagem ainda não está bem desenvolvida, então empurra, puxa, e morde. Outras, apenas choram e se jogam no chão. Isso faz parte da personalidade e do meio em que estão. As mordidas surgem, portanto, para que a criança possa se comunicar, chamando a atenção ou resolvendo um conflito. 


    Em entrevista à Revista Crescer, a psiquiatra Lidia Strauss, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), comenta o assunto: "Por não articular bem as palavras, a criança dessa idade exprime- se por meio do corpo e dos gestos. Para ela, morder é uma forma natural de mostrar ao outro que está com raiva". 
    Insegurança e ansiedade também podem motivar as mordidas, assim como afeição por um coleguinha. Sim, as crianças chegam a mordiscar o peito da própria mãe e de pessoas que gostam, como que querendo se apoderar. 



    Já quando a criança reage repetidamente por meio de mordidas, pode haver um fator preponderante de conflito familiar. Brigas em casa, sono ruim, rejeição e conseqüente carência afetiva são situações que podem influenciar o comportamento e merecem atenção dos pais e educadores – podendo necessitar da ajuda de um profissional. 

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