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sábado, 8 de fevereiro de 2014

MORDIDAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL



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    O porquê das mordidas... 
    A maioria dos pais não entende e não busca conhecimento sobre o universo da criança para poder compreender suas atitudes. Acabam por tomar posições preconceituosas, irresponsáveis; e não lidar bem com as situações de conflito no momento oportuno, adiando o comprometimento com a educação de seus filhos. Ao acusar babás e professoras de negligência, afastam-se cada vez mais do entendimento, associando, muitas vezes, episódios momentâneos a um grande problema psicológico da criança, não permitindo assim seu pleno amadurecimento. 

    É a partir do aparecimento dos primeiros dentinhos, até cerca de dois anos de idade, que se tornam comuns os episódios com mordidas entre crianças. Os motivos vão desde o desconforto bucal, que pode estar gerando dor ou coceira, passando por formas de expressão das vontades da criança até conflitos comportamentais gerados pelo meio em que vive. 

    Fazer parte de uma turma de crianças desconhecidas em uma escola, por exemplo, significa aprender bem cedo a lidar com regras sociais, a compartilhar e a saber conviver harmoniosamente em grupo. O período de adaptação é uma grande aprendizagem para os pequenos que, não raras vezes, inclui muito choro, frustração e agressividade. A criança estará num espaço novo, sem a presença de seu grande porto-seguro (os pais) e terá que aprender sozinha a reivindicar coisas e se defender. 


    A primeira percepção das mordidas no mundo infantil pede um resgate à fase oral, vivenciada pelos seres humanos até aproximadamente dois anos de idade. Nela, segundo o psicólogo e filósofo Piaget, a criança experimenta o mundo com a boca. Primeiramente ao mamar, depois no contato com chupetas ou o próprio dedo e, em seguida, levando à boca brinquedos e diferentes objetos com os quais tiver contato. A boca é o instrumento de prazer da criança nesta fase, associada também à saciedade pela alimentação. Mas, além do prazer, substituindo a linguagem ainda não adquirida, a boca ocupa o lugar do ataque e da defesa. 

    Para disputar brinquedos, por exemplo, a forma mais rápida que a criança enxerga é o contato físico, já que sua linguagem ainda não está bem desenvolvida, então empurra, puxa, e morde. Outras, apenas choram e se jogam no chão. Isso faz parte da personalidade e do meio em que estão. As mordidas surgem, portanto, para que a criança possa se comunicar, chamando a atenção ou resolvendo um conflito. 


    Em entrevista à Revista Crescer, a psiquiatra Lidia Strauss, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), comenta o assunto: "Por não articular bem as palavras, a criança dessa idade exprime- se por meio do corpo e dos gestos. Para ela, morder é uma forma natural de mostrar ao outro que está com raiva". 
    Insegurança e ansiedade também podem motivar as mordidas, assim como afeição por um coleguinha. Sim, as crianças chegam a mordiscar o peito da própria mãe e de pessoas que gostam, como que querendo se apoderar. 



    Já quando a criança reage repetidamente por meio de mordidas, pode haver um fator preponderante de conflito familiar. Brigas em casa, sono ruim, rejeição e conseqüente carência afetiva são situações que podem influenciar o comportamento e merecem atenção dos pais e educadores – podendo necessitar da ajuda de um profissional. 

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