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sábado, 8 de março de 2014

DORMIR NA CAMA DOS PAIS, FAZ TÃO MAL ASSIM?

Apesar de não ser uma novidade, esse hábito é frequente em muitas famílias. Veja o que dizem os especialistas




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Desde que seu filho nasceu, a sua cama ficou pequena demais? Saiba que compartilhar esse espaço com os filhos, apesar de muitos pais negarem, é mais comum do que se imagina. Um estudo britânico revelou que 40% dos pais deixam as crianças passarem a noite junto com eles. Não existem estatísticas sobre esse assunto no Brasil, mas os pediatras acreditam que a situação seja frequente por aqui também.
"Acredito que isso tem aumentado porque, com os pais fora de casa, o contato com as crianças é menor atualmente", diz Gelsomina Colarusso, neuropediatra. Assim, ficar juntinhos de noite é uma maneira de compensar essa ausência, resolver alguns problemas (se a criança tiver medo de escuro, por exemplo, ou os pais muito cansados para levá-la de volta ao quarto) e, claro, de matar a saudade.
Em nossa página do Facebook, o assunto ganhou fôlego. Daiane Mendes Ferreira, mãe de um menino de 4 anos, conta que até hoje o filho dorme na sua cama e agora a luta é colocá-lo para dormir em seu quarto. “Parece fácil, mas não é. Essa transição está sendo, no mínimo, demorada e estressante. Mas nós não vamos desistir”, escreveu. Afirma, ainda, que sabe que essa situação prejudica tanto a privacidade do casal quanto a autonomia do filho. 


E é exatamente isso que alertam os especialistas. Apesar de ser prazeroso dividir a cama com os filhos, como você já deve suspeitar, há riscos. A pediatra Márcia Pradella-Hallinan, coordenadora do setor de pediatria do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), faz algumas ressalvas. "A divisão da cama pode restringir os movimentos do bebê", afirma. Além disso, diz Mauro Borghi, pediatra do Hospital São Luiz (SP) pode-se machucar ou até sufocar a criança. “É contraindicado em qualquer idade”, enfatiza. Isso sem contar o quanto o sono do casal fica prejudicado. 



Pelo receio de que algo aconteça com o filho, a arquiteta Camila Cavalcante, 35 anos, nunca deixou o filho caçula, Pedro, de 11 meses, dormir com ela. “Acho perigoso um bebê dormir com os pais. Como os quartos são próximos, eu uso babá eletrônica com vídeo. Prefiro observá-lo por ela ou indo até lá mesmo”, diz. Já com a filha Gabriela, de 3 anos, há exceções. “Quando ela está doente ou em alguns finais de semana em que estamos muito cansados, eu deixo, porque dá mesmo trabalho convencê-la de dormir no quarto dela.” De fato, em algumas ocasiões, deixar a criança dormir com os pais é mais prático mesmo. Mas como lembra a neuropediatra Gelsomina, os pais precisam saber que há chances dela se acostumar e dar o maior trabalho na hora que tiver de voltar para o próprio quarto.

O que também preocupa os especialistas são os danos ao desenvolvimento emocional das crianças. Para a pediatra Márcia, da Unifesp, dividir a cama com os filhos pode deixá-las mais dependentes. Outra crítica diz respeito à vida a dois. Se, por um lado, a cama familiar aproxima pais e filhos, pode interferir na intimidade e, assim, no relacionamento do casal.


OK. Você leu tudo isso e está se perguntando: “E agora? Como fazer meu filho dormir no quarto dele?”. Muita calma. “A transição deve ser feita de forma gradual. Uma dica é o pai ou a mãe ficar ao lado da criança, numa cadeira, por exemplo, até ela adormecer. E repetir o processo sempre que o filho acordar”, afirma Borghi. Um quarto aconchegante, um objeto de transição (como um ursinho ou paninho) e uma luz fraca para espantar o medo do escuro também ajudam, junto com muita paciência e persistência dos pais.

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