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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

CRIANÇAS AGITADAS Texto da Roberta Pimentel

É bem numeroso o número de famílias preocupadas com crianças que só se satisfazem com muita correria, agitação motora e que não conseguem sentar nem 15 minutos para assistir a sequência de filminhos infantis. Muitos até assistem, adoram e pedem os filminhos, mas assistem correndo ou pulando, não apresentam paciência para sentar e assistir de fato. Por outro lado as mesmas crianças conseguem ficar horas a fio com joguinhos eletrônicos. Não se enganem com isso! A atenção para ler, estudar, escrever, formular textos e respostas exige uma atenção conhecida como difusa, aquela em que o indivíduo precisa se concentrar com esforço cognitivo bem mais complexo, com formulação de pensamentos e ainda deixar de lado toda distração do meio ambiente. Diferentemente, ao jogar joguinhos eletrônicos, há um envolvimento muito mais motor dos dedos e braços que comanda o jogo, independente de formulação de pensamentos mais complexos, não exige uma rede neuronal de ideias ou de concentração, é uma agitação bem mais motora, que na grande maioria dos casos é independente dos estímulos externos. Ou seja, a criança consegue jogar mesmo com outros acontecimentos ao seu redor, pois não precisa elaborar pensamentos contextualizados, como ocorre nos estudos. Com isso, relembro a importância de não ter o parâmetro de jogos eletrônicos como respaldo de uma investigação sobre capacidade ou não de atenção. Quem joga tais joguinhos muito bem e consegue ficar um bom tempo envolvido nesse tipo de atividade, pode sim não ter a mesma habilidade de atenção para os estudos. Os tipos de atenções envolvidas são bem distintas. Nos jogos a atenção é conhecida como atenção concentrada. Se para você é muito importante refletir sobre atenção e jogos eletrônicos, assista este vídeo, AQUI, talvez seja útil também. É uma entrevista que fiz para um repórter da afiliada da Rede Globo, em Cuiabá – MT. Pena que ele me pegou totalmente de última hora, me ligou pela manhã para gravar antes do almoço (foi indicação de uma querida amiga psicopedagoga), caso contrário, teria me organizado para levar alguns exemplos de jogos. Mas, enfim, tem relatos e exemplos de algumas famílias, pode ser que interesse para algumas pessoas mais preocupadas com esse assunto. No último quadro da TV, como já comecei a explicar anteriormente, mostrei quatro DVDs que são divididos em pequenos episódios. O intuito foi mostrar aos pais e professores a importância de selecionar materiais facilitadores. Às vezes, os filmes que os pais escolhem não ajudam, pois são longos demais. No entanto, bem mais do que isso, meu interesse maior foi outro. Os DVDs que comentei e que estão nas fotos abaixo, não são bacanas pelo fato de serem divididos em pequenos episódios, mas, bem além disso, por conterem conteúdos que facilitam trabalhar alguns temas entre pais e filhos. Uso de vez em quando com meu filho e clinicamente também, fico sempre admirada com os resultados. São quatro DVDs que selecionei:
Para não me estender excessivamente, falarei mais especificamente de dois deles para que vocês realmente possam entender meu objetivo bem complexo com esse material. Por exemplo: no filme, ‘Timothy vai à escola’, há lições ótimas sobre boa convivência e cooperação, com situações de conflitos entre os amigos da escola, superação de desafios coletivos e a aceitação das ideias de outras pessoas. Sabemos o quanto é importante para as famílias momentos de qualidade de vínculo com os filhos, mesmo que seja por apenas 30 minutos de uma dedicação bem específica. Com filmes assim, de 10 ou 15 minutos e com temas bem relevantes, é possível atingir várias metas ao mesmo tempo: 1- Aperfeiçoar o vínculo. Eles adoram estar com os pais e sempre nos pedem isso. Não precisamos e não devemos contar para eles que temos algumas intenções com o filme, basta dar de presente e sentar junto para assistir, eles se realizarão e você suprirá a necessidade do seu filho em realizar momentos de relacionamento onde você se dedicará exclusivamente à ele (a), mesmo que seja por tempo curto. Pois bem, você pode dialogar após o filme, ou no dia seguinte, e retomar aquilo que você sente ser bacana para o seu caso. Exemplo: está precisando incentivar seu filho a se relacionar melhor com os amigos? Vejam bem; muito melhor do que broncas e mil explicações, é um momento como esse, onde a partir de um filme você viverá uma ótima situação que posteriormente proporcionará as reflexões sobre o que você precisa. 2- Lembrete: não é para estar no mesmo ambiente, ao lado do filho (a) enquanto ele (a) assiste algo. É para assistir junto, vivenciar de fato o vínculo. 3- Outro ponto importante é a possibilidade de despertar na redes neuronais das crianças a capacidade motora e atencional de sentar, se concentrar e realmente assistir um filme. Ao terminar, lembre de fazer uma perguntinha ou outra para verificar a capacidade que seu (sua) filho (a) tem de se atentar à sequência dos fatos, às características dos personagens, etc. 4- A possibilidade de tratar de determinados assuntos entre pais e filhos. Escuto muitos pedidos dos pais sobre dicas de como tratar a respeito da boa convivência, tolerância, enfim, temas bem pertinentes e variados, que fazem parte do processo de educação familiar. Muitas vezes os pais se sentem sem saber o que fazer, depois de tantas conversas já realizadas. Esses DVDs são um exemplo, sempre que os filhos têm a possibilidade de refletir com os pais se colocando no lugar dos personagens dos filmes e livros, ajuda muito. Filmes e livros com riqueza de conteúdo permitem o aprofundamento de vínculos entre pais e filhos (as) e abre espaço para tratar das questões que angustiam os pais. Não vale a pena? Entenderam o quanto esses DVDs são ricos? São divertidos, rápidos e de ótimo conteúdo. Se você conseguir realizar esse tipo de relação com os (as) filhos (as) na primeira infância, não deixe de semear essa oportunidade de vínculo posteriormente, alugue ou compre novos filmes, com conteúdos mais complexos, conforme a idade, e até à adolescência não perca a oportunidade desse tipo de diálogo que os filmes e livros nos proporcionam. Conheçam muito mais seus (suas) filhos (as) ouvindo a opinião deles sobre como o diretor criou a história, se eles concordam ou não, se mudariam algo no filme ou não e como enxergam as características dos atores. Conversem, peçam que eles opinem, que se coloquem no lugar de determinados atores, enfim, explore aquilo que for a sua necessidade. Tem vários pais que relatam o quanto passaram a conhecer melhor seus filhos (as) depois que começaram a vivenciar esses momentos pelo menos umas duas ou três vezes no mês. Encerrando a parte dos DVDs, outro exemplo: no filme Meteor, muito apreciado por meninos, tem um episódio onde um dos personagens sente saudade da mãe e por isso acaba se prejudicando nos relacionamentos com os amigos, pois ele transfere o sentimento de saudade para um tipo de vínculo inadequado com os colegas. É excelente para puxar o assunto da ausência dos pais; como seus filhos se sentem diante disso, se sonham com coisas do tipo, enfim, abre possibilidades para um diálogo bem rico. Além disso, o filme trata sobre a importância do banho, e outros temas. Aqui em Cuiabá são vendidos na livraria Janina, foi lá que os conheci. Algumas pessoas já me contaram que no youtube existem alguns episódios. Caso não encontrem nas suas cidades, vejam os títulos na foto que postei e procurem nesse canal da internet que acabei de citar. Outro material que apresentei no dia do Blog na TV sobre crianças agitadas foi esse aqui:
No dia não levei as mini bolinhas coloridas, e sim bolinhas de gude. O que importa é pensar o seguinte: a maior dificuldade da criança bem agitada é conseguir sentar, manter uma respiração calma e realizar brincadeiras sentadas, sem correr. Cada pai e cada mãe conhece a idade dos seus (suas) filhos (as) e sabe se esse tipo de desafio é apropriado ou não. Com crianças acima de 5 anos dá para usar a pinça na hora de pegar essas bolinhas bem pequenas e encaixar nos furinhos das outras bolinhas, mas, se as crianças forem menores, dá para fazer de uma outra forma bem simples, com guardanapo e tampinha de refrigerante, vejam:
Usar a pinça, ou não, fica a critério dos pais de acordo com a idade das crianças. Para quem puder continuar, dá para posteriormente usar as bolinhas como colagens em uma folha, formando sol, casa, etc, tudo com as bolinhas. As crianças adoram esse tipo de brincadeira em dupla, imaginem com os pais, alegria na certa! Sem contar que é algo super acessível. Agora que chegamos ao exemplo do guardanapo, quero fazer a colocação de uma dica bem importante que vivenciei com meu filho e utilizo ainda hoje. É sobre o Kit passeio que inclui uma organização prévia dos pais para momentos no restaurante, na casa dos amigos ou viagens: seleção de materiais que envolvem as crianças, como um pote de massinha, folhas para colar adesivos e assim por diante. Vejam essa foto:
Costumo chamar essa brincadeira de transformação das bolinhas. Essa foto é de um momento de atendimento clínico, mas saibam que utilizo muitas vezes em restaurantes e viagens com o meu filho. Ele fica envolvido pelo menos uns quarenta minutos. É um tipo de brincadeira diferente daquelas que visam a prática de convivência entre pais e filhos, para ampliar o vínculo. Esse tipo de desenho com bolinhas não exige a participação constante dos pais, os filhos podem usar justamente para que os pais possam ter seus momentos de tranquilidade. Nosso papel é oferecer algo que os distraia e que possam usar sem muita ajuda. Costumo dizer que se os pais vão aos restaurantes e viagens sem uma sacolinha de atividades atrativas, eles próprios estarão prejudicando o passeio, pois é natural que as crianças se cansem rapidamente nessas ocasiões. Se você ainda não tem seu kit passeio, providencie, vale MUITO a pena! Fiz o Blog na TV de ontem com todo o assunto de hoje e mostrei meu kit passeio, assim poderão ouvir e ver o conteúdo, além de ler. Aguardem, estará no youtube em breve,e também com algumas dicas a mais do que coloquei aqui hoje. Aliás, pesquisem no google por Roberta Pimentel ou pelo canal Aprendizagem Humana, por lá já tem muitos vídeos, todos com assuntos importantes para os pais e escolas. Com todas essas dicas e reflexões não é possível que pais e escolas se conscientizem bastante sobre a importância dos momentos de sentar e conseguir ter atenção? Lembre-se da semana passada quando expliquei o quanto sofrem as crianças que são muito agitadas, afinal, não conseguem atenção nem para o ouvir os pais e professores, o que leva a uma vida bem complicada. Ultimamente dá para dizer que conseguir ter atenção e foco, vel ouro! E não é verdade? Lembrete: a primeira infância, de zero a seis anos é a fase mais importante para aprender brincadeiras que exigem atenção! É necessário investir muito mais quando de zero a seis anos esse tipo de desafio não foi bem trabalhado! Gostaram pessoal? Com muito carinho, Roberta.

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