Nossa
sociedade, caracterizada por situações de injustiça e desigualdade, criam
famílias que lutam com mil e uma dificuldades para sobreviver. Esses problemas
atingem as crianças, que enfrentam inúmeras dificuldades para aprender.
Torna-se
cada vez maior a preocupação dos pais em acertar na educação dos filhos. Muitas
vezes aqueles se perguntam onde foi que erraram para que o filho tivesse a
dificuldade que hoje tem.
Piletti (1984)
considera, assim como diversos outros autores, que as primeiras experiências
educacionais da criança, geralmente são proporcionadas pela família.
Alguns dos principais fatores etiológicos - sociais
que interferem na aprendizagem são :
" Carências afetivas;
" Deficientes condições habitacionais,
sanitárias, de higiene e de nutrição;
" Pobreza da estimulação precoce;
" Privações lúdicas, psicomotoras,
simbólicas e cultural;
" Ambientes repressivos;
" Nível elevado de ansiedade;
" Relações inter familiares;
" Hospitalismo;
" Métodos de ensino impróprios e
inadequados.
Para
Smith & Strick (p.31, 2001) um ambiente estimulante e encorajador em casa
produz estudantes adaptáveis e muito dispostos a aprender, mesmo entre crianças
cuja saúde ou inteligência foi comprometida de alguma maneira.
Inúmeras pesquisas apontam que o maior índice
que interfere no processo de aprendizagem, ocorre com crianças pobres. Em tais
pesquisas, as explicações apontadas para o problema deste fracasso escolar
dizem respeito à condição econômica da família.
Ainda
pode-se evidenciar entre alguns professores a associação da imagem do mau aluno
na criança carente. Não é lícito estabelecer uma regra geral e inflexível
atribuindo a todos os casos de problemas de aprendizagem um mesmo diagnóstico
ou um enfoque generalizador.
Segundo Paín (p.33,
1985) o fator ambiental é, especialmente determinante no diagnóstico do
problema de aprendizagem, na medida em que nos permite compreender sua
coincidência com a ideologia e os valores vigentes no grupo.
Por
isso, cada caso deve ser avaliado particularmente, incluindo na avaliação o
entorno familiar e escolar. Se os problemas de aprendizagem estão presentes no
ambiente escolar e ausentes nos outros lugares, o problema deve estar no
ambiente de aprendizado. Às vezes, a própria escola, com todas as suas fontes
de tensão e ansiedade, pode estar agravando ou causando as dificuldades na
aprendizagem.
Quanto
à estrutura familiar, nem todos os alunos pertencem a famílias, com recursos
suficientes para uma vida digna. Normalmente, verificam-se situações diversas:
os pais estão separados e o aluno vive com um deles; o aluno é órfão; o aluno
vive num lar desunido; o aluno vive com algum parente; etc. Muitas vezes, essas
situações trazem obstáculos à aprendizagem, não oferecem à criança um mínimo de
recursos materiais, de carinho, compreensão, amor.
Alguns
tipos de educação familiar muito comum em nossa sociedade são bastante
inadequados e trazem consequências negativas para a aprendizagem. Os pais podem
influenciar a aprendizagem de seus filhos através de atitudes e valores que
passam a eles.
Classificam os pais nas seguintes categorias:
Pais autoritários- manifestam altos níveis de
controle, de exigências de amadurecimento, porém baixos níveis de comunicação e
afeto explícito. Os filhos tendem a ser obedientes, ordeiros e pouco
agressivos, porém tímidos e pouco persistentes no momento de perseguir metas;
baixa autoestima e dependência; filhos pouco alegres, mais coléricos,
apreensivos, infelizes, facilmente irritáveis e vulneráveis às tensões, devido
à falta de comunicação desses pais.
Pais permissivos- pouco controle e exigências
de amadurecimento, mas muita comunicação e afeto; costumam consultar os filhos
por ocasião de tomada de decisões que envolvem a família, porém não exigem dos
filhos, responsabilidade e ordem; estes tendem a ter problemas no controle de
impulsos, dificuldade no momento de assumir responsabilidade; são imaturos, têm
baixa autoestima, porém são mais alegres e vivos que os de pais autoritários.
Pais democráticos - níveis altos tanto de comunicação
e afeto, como de controle e exigência de amadurecimento; são pais afetuosos,
reforçam com frequência o comportamento da criança e tentam evitar o castigo;
correspondem às solicitações de atenção da criança; esta tende a ter níveis
altos de autocontrole e autoestima, maior capacidade para enfrentar situações
novas e persistência nas tarefas que iniciam; geralmente são interativos,
independentes e carinhosos; costumam serem crianças com valores morais
interiorizados (julgam os atos, não em função das consequências que advêm
deles, mas sim, pelos propósitos que os inspiram).
Mussen (1970)
interpreta essas conclusões em termos de aprendizagem e generalização social:
os lares tolerantes e democráticos encorajam e recompensam a curiosidade, a
exploração e a experimentação, as tentativas para lidar com novos problemas e a
expressão de ideias e sentimentos. Uma vez aprendidas e fortalecidas em
família, essas atividades se generalizam na escola.
A educação familiar adequada é feita
com amor, paciência e coerência, pois desenvolve nos filhos autoconfiança e
espontaneidade, que favorecem a disposição para aprender.
Paín (p. 33, 1985)
destaca que embora o fator ambiental incida mais sobre os problemas escolares
do que sobre os problemas de aprendizagem propriamente ditos, esta variável
pesa muito sobre a possibilidade do sujeito compensar ou descompensar o quadro.
Dentro
da escola existem, entre outros, quatro fatores que podem afetar a
aprendizagem: o professor, a relação entre os alunos, os métodos de ensino e o
ambiente escolar.
O
autoritarismo e a inimizade geram antipatia por parte dos alunos. A antipatia
em relação ao professor faz com que os alunos associem a matéria ao professor e
reajam negativamente ambos.
A
relação entre os alunos será influenciada pela relação que o professor
estabelece com os alunos: um professor dominador e autoritário estimula os
alunos a assumirem comportamentos de dominação e autoritarismo em relação a
seus colegas. Para aprender, o aluno precisa de um ambiente de confiança,
respeito e colaboração com os colegas.
Os
métodos de ensino também podem prejudicar a aprendizagem. Se o professor for
autoritário e dominador, não permitirá que os alunos se manifestem, participe,
aprendam por si mesmos. Esse tipo de professor considera-se dono do saber e
procurará transmitir esse saber aos alunos, que deverão permanecer passivos,
receber o que o professor lhes dá e devolver na prova.
O
ambiente escolar também exerce muita influência na aprendizagem, o tipo de sala
de aula, a disposição das carteiras e a posição dos alunos, por exemplo, são
aspectos importantes. Uma sala mal iluminada e sem ventilação, em que os alunos
permanecem sempre sentados na mesma posição, cada um olhando as costas do que
está na frente, certamente é um ambiente que pode favorecer a submissão, a
passividade e a dependência, e não favorece o trabalho livre e criativo.
Outro
aspecto a considerar, em relação ao ambiente escolar, refere-se ao material de
trabalho colocado à disposição dos alunos. É evidente que com salas abarrotadas
de alunos o trabalho se torna mais difícil. O número de alunos deve
possibilitar ao professor um atendimento individual, baseado num conhecimento
de todos eles.
A
administração da escola _ diretor e outros funcionários_ também pode
influenciar de forma negativa ou positiva a aprendizagem. Se os alunos forem
respeitados, valorizados e merecerem atenção por parte da administração, a
influência será positiva. Se, ao contrário, predominar a prepotência, o descaso
e o desrespeito, a influência será negativa.
De
acordo com Paín (p.33, 1985) o problema de aprendizagem que se apresenta em
cada caso, terá um significado diferente porque é diferente a norma contra a
qual atenta e a expectativa que desqualifica.
Tanto
os pais como os professores devem estar atentos quanto o processo de
aprendizagem, tentando descobrir novas estratégias, novos recursos que levem a
criança ao aprendizado.
Percebe-se que se os pais souberem do poder e
da força dos seus contatos com seu filho, se forem orientados sobre a
importância da estimulação precoce e das relações saudáveis em família, os
distúrbios de aprendizagem poderão ser minimizados.
Considera-se
fundamental importância para o desenvolvimento posterior da criança e para sua
aprendizagem escolar, os sentimentos que os pais nutrem por ela durante os anos
anteriores à escola.
É,
sobretudo, à família, às suas características culturais ou situação econômica,
que predominantemente se atribui à responsabilidade pela presença ou ausência
das pré-condições de aprendizagem na criança.
No
âmbito escolar, certas qualidades do professor, como paciência, dedicação,
vontade de ajudar e atitude democrática, facilitam a aprendizagem. Ao contrário, o autoritarismo, a
inimizade e o desinteresse podem levar o aluno a desinteressar-se e não
aprender.
Além
disso, métodos didáticos que possibilitam a livre participação do aluno, a
discussão e a troca de ideias com os colegas e a elaboração pessoal do
conhecimento das diversas matérias, contribuem de forma decisiva para a
aprendizagem e desenvolvimento da personalidade dos educandos.
É importante que o professor e o
futuro professor pense sobre sua grande responsabilidade, principalmente em
relação aos alunos dos primeiros anos, sobre os quais, a influência do
professor é soberana.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
PAÍN,
Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1985.
PILETTI,
Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 1999.
SMITH & STRICK.
Dificuldades de Aprendizagem de A a Z . São Paulo: Artes Médicas, 2001.
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