Na creche, o que fazer
na hora do choro?
Para crianças até 3
anos, esse desabafo é uma forma de comunicação importante. Saiba aqui qual é a
melhor maneira de lidar com as lágrimas...
VÁRIOS TIPOS O choro
transmite o que os pequenos não sabem dizer. É preciso aprender a identificar a
mensagem.
Adaptar-se ao ambiente
e à equipe da creche, despedir-se da família, avisar que a fralda está suja ou
que a barriga dói, perder um brinquedo para um colega... Pode não parecer, mas
a vida de uma criança até 3 anos tem uma porção de desafios e uma boa dose de
estresse! Sem contar com a fala bem desenvolvida, os pequenos não têm muitas
opções além das lágrimas, que podem acompanhar chorinhos sofridos ou mesmo
choradeiras de assustar a vizinhança.
Para o educador,
enfrentar momentos como esses está longe de ser fácil. É natural que surjam
sinais de frustração, irritação e, principalmente, falta de paciência. Mas tudo
fica mais simples quando se conhece o desenvolvimento infantil e há acolhimento
e uma permanente construção de vínculos afetivos com os bebês e as crianças -
um trabalho fundamental, que começa ao iniciarem a adaptação e segue ao longo
do ano.
Nos primeiros dias da
criança na creche, a equipe ainda não distingue os tipos de choro dela.
"Há o que expressa dor, o de acordei, vem me buscar e o de
saudade, entre tantos outros. Quem investe em um cuidado atento passa a
identificar essas diferenças e, assim,
descobre qual é a melhor atitude a tomar", diz psicopedagoga.
Para decifrar as
lágrimas, é preciso ter em mente que o objetivo dos bebês é comunicar que algo
vai mal. "Eles relacionam o choro a uma reação boa. Afinal, alguém vem
atendê-los. Esse é o jeito que eles têm de dizer estou tentando lidar com um problema, mas não está fácil. Por isso, devem-se evitar ideias
preconcebidas e tentar entender o que o choro expressa", orienta Beatriz
Ferraz, coordenadora do Núcleo de Educação Infantil do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac).
Essa pesquisa parte de
tentativas e erros e, com o tempo, chega a várias respostas. Quando há dor
física, deve-se agir no ato e buscar as devidas orientações médicas. A dor
emocional também merece ação rápida e aconchego. "Costumam dizer que, se
pegar no colo, a criança fica manhosa. Mas colo e carinho não estragam ninguém
e são sempre bem-vindos", garante a psicopedagoga tem hora pra tudo com
carinho e afetividade.
Partindo dessa
premissa, Vera Cristina Figueiredo, coordenadora de projetos da associação Grão
da Vida, em São Paulo, desenvolveu com sua equipe uma proposta preventiva
baseada no acolhimento constante. "Logo notamos a importância do brincar
junto e do estar próximo, atento às realizações e descobertas dos pequenos. Dar
atenção nesses momentos, e não apenas na hora de impor limites, gera
tranquilidade e faz o pranto diminuir", conta. Essa experiência jogou por
terra a teoria de que acolher deixa os pequenos grudentos e dependentes.
"O carinho gera ganhos consideráveis em termos de autonomia", garante
Vera.
Não é raro que um
simples conflito tome proporções de catástrofe mundial, com direito a gritos,
sacudidas pelo chão e soluços sem fim. "Às vezes, a criança perde o
controle e não consegue voltar ao normal sozinha. Não dá para cruzar os braços
e esperar isso passar nem tentar resolver na conversa". Também não vale
cair na armadilha de fazer chantagens para o choro cessar. O melhor é mostrar
que entende o problema e pedir que ela respire fundo, lave o rosto e sente no
seu colo, passando a mensagem de que você confia que ela vai se acalmar. Não
perca a chance: respire fundo e tome fôlego também.
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