Foi junto às plantinhas que cresciam nas margens do Rio Nilo que
aconteceu um caso de adoção muito bem relatado na Bíblia. Uma princesa egípcia
decidiu assumir como seu filho o menino perdido, abandonado, num cesto que
encontrara no rio. A sua mãe biológica ficou como sua ama.
Era adolescente quando a adoção foi formalizada passando a com a sua
mãe adotiva, no palácio de Faraó. Chamou-lhe Moisés – que significa “tirado
das águas”, nome que lhe recordaria para sempre a sua origem e o contexto
sócio-político do tempo do seu nascimento.
Em Portugal a adoção foi introduzida no Código Civil no direito de
família há três décadas. Reconhecida como uma iniciativa de todo louvável, a
verdade é que entre nós tem-se desenvolvido e cimentado a ideia de se tratar de
um processo moroso e difícil, impressão que não se mostra destituída de
fundamento a avaliar pelos inúmeros testemunhos de tentativas frustradas de
adoção ou longos períodos de espera que todos conhecemos e que vemos
publicadas nos inúmeros sites por onde passamos.
Sabe-se que são mais de dez mil as crianças que no nosso país vivem em
instituições, desprovidas de adequado suporte familiar, na vida de quem a
adoção faria a grande diferença!
É bom lembrar aqui que embora deva ter um ambiente familiar, e seja de
louvar todo o esforço que se faça nesse sentido, uma instituição de
acolhimento, seja ela qual for, não é uma família. Não o é pela sua própria
natureza, pelo número de pessoas que agrega, pela forma coletiva como,
necessariamente, se organiza. Também não é uma família pela incapacidade
inerente à própria criança de estabelecer e consolidar vínculos íntimos a um
universo alargado de pessoas, ao invés de uma relação mais ilimitada e próxima.
A integração de uma criança numa instituição deve ser à partida
transitória e tão breve quanto possível, só se admitindo de longo termo se
esgotados todos os meios de encaminhamento para a integração numa família (seja
de origem, de adoção ou de acolhimento)
Sabe-se que o perfil mais procurado para adoção são as crianças de
idade não superior aos 4 ou 5 anos, de etnia branca, saudáveis. Esta
preferência deixa de fora muitas crianças igualmente providas de condições para
um processo de adoção bem sucedido e necessitadas de uma integração familiar.
No entanto existem casais que não se importam de todo se a criança é de outra
raça ou etnia, parecendo que a dificuldade é a mesma...
Trata-se de uma experiência extraordinariamente enriquecedora para a
criança, e também para o casal. Era necessário que o processo fosse menos
extenso, menos burocrático e muito mas muito mais eficiente.
Perante tudo isto só quero
deixar aqui um aparte: nós não escolhemos nem raça, nem cor nem a etnia, já
mudamos a idade para 5, 6 anos e dissemos que nunca separaríamos irmãos, depois
disso que mais podemos dizer.
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