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domingo, 24 de março de 2013

Assunto: Comportamento Assuntos delicados - falar com as crianças sobre a morte

Assunto: Comportamento Assuntos delicados - falar com as crianças sobre a morte 01/06/2000 - Texto por Dra. Evelyn Pryzant Inevitavelmente, as crianças perguntam sobre tudo. Colocam questões profundas sobre o ser humano, sobre a vida e sobre a morte. Falam, querem ouvir, têm ideias. Quando alguém da família de uma criança morre, ainda que se tente omitir ou negar, ela irá perceber através das atitudes transformadas dos familiares ao redor. Existe algo de estranho no ar que ela não sabe, nem deve saber. Um tabu. O fato é que, cedo ou tarde, ela descobrirá que a pessoa morreu. Omitir-lhe a verdade seria algo grave; seria como ignorá-la só porque ela não fala como os adultos, como excluí-la da família. Pior ainda, se as pessoas mais próximas em quem ela deposita toda sua confiança não forem capazes de falar sinceramente sobre a morte, ela tomará isso como um modelo a seguir e nem ousará perguntar a respeito daquilo que sua percepção lhe diz. Sem ter com quem dividir suas preocupações, a criança permanece conturbada em seus pensamentos, isolada em seu mundo interno cada vez mais inacessível às pessoas. Sem contar que ela amava essa pessoa e estará preocupada com sua ausência. E, de fato, é toda uma história da vida da criança que ela não reencontrará mais. Por isso é importante falar com a criança sobre a morte, não ensiná-la a colocar um véu de silêncio sobre este assunto. O que o adulto não sabe é que as crianças questionam sem angústia a respeito da morte até cerca de sete anos. Por volta dos três anos de idade os questionamentos sobre a morte começa a aparecer, e é importante responder às crianças sobre a morte. Aliás, elas a veem. Existem animais que morrem em torno delas, elas ouvem estórias, conversas; o conceito de que as coisas acabam, e que os limites existem, já estão estabelecidos desde muito cedo. A morte faz parte do destino do ser vivo, e a criança sabe disso muito bem. Aliás, não temos definição para a vida a não ser através da morte, e da morte a não ser através da vida. Portanto, a vida é parte integrante de um ser vivo, assim como a morte. E nós morremos porque vivemos: é simples. Para uma criança, realmente é. Dizer a uma criança que morreremos quando acabarmos de viver pode fazer um sentido enorme, trazer um conforto para suas apreensões e reassegurar-lhe a vida. Mas não deveria existir nada de mal em morrer, já que afinal todos deverão morrer e isso dai a importância de conversar sobre a morte com as crianças. Na verdade, a morte nos torna culpados. Nos reprovamos por não termos tido uma relação mais intensa e mais alegre com as pessoas que amávamos e que perdemos, culpados pela ligação ter sido interrompida, por termos sidos negligentes, um desfilar de culpas que invadem a mente e acabam obrigando a não se querer falar mais sobre o assunto, fazendo com que o tabu do silêncio possa prevalecer, mas esta já é uma outra história; o fato é que a criança é espontânea e livre o suficiente para se sentir menos culpada na relação com as pessoas e, principalmente, seus familiares. Ao falar com a criança sobre a morte, ela poderá estar mais bem amparada, terá mais chances de elaborar da forma mais sadia possível o momento do luto. A conclusão de uma conversa franca com uma criança, sobre a morte, sem medo, tem sempre um tom positivo, só o fato de se estar perto, falando a respeito e ouvindo, já é positivo, é uma forma de estar vivo e vivendo o momento de uma forma plena. Todos os seres humanos aceitam a morte através de uma forma singular. Devemos respeitar, no mínimo, a maneira que as crianças encontram para superar o momento da morte, o mistério da morte e da vida. Elas têm perguntas e buscam o conhecimento, e nós, adultos que muitas vezes acreditamos saber muito, ouvimos delas as melhores respostas para as perguntas que não saberíamos responder.

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