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terça-feira, 26 de janeiro de 2016

OBSERVAR A VISÃO DAS CRIANÇAS NOS PRIMEIROS ANOS

Volta às aulas: hora de observar a visão das crianças

Pais e professores devem ficar atentos ao comportamento das crianças para identificar qualquer problema de visão aparente.

Início de ano letivo, época ideal para pais e professores ficarem atentos aos problemas de visão das crianças. Não raras vezes, milhares delas, nos primeiros anos de vida escolar, são impedidas de ter acesso ao conhecimento. Parecem crianças desligadas, sem atenção, as quais não demonstram interesse e apresentam grande dificuldade em aprender. Pais e professores costumam atribuir esse comportamento a uma incapacidade “natural” do aluno para a aprendizagem.
Mero engano. De acordo com Dorotéia Matsuura, oftalmo-pediatra do Hospital Oftalmológico de Brasília (HBO), “muitos problemas de visão ocorridos nessa idade são confundidos com preguiça ou pouca vontade de estudar. Também pudera. A criança que tem dificuldade de leitura ou de visão não consegue acompanhar o ritmo dos colegas”.
Cabe aos pais e professores perceberem comportamentos que evidenciem essas deficiências visuais. Os indícios são vários e podem ser percebidos. “Em casa, por exemplo, quando a criança chega muito próximo à televisão, sente dores de cabeça constantes, tem que franzir a testa para conseguir ler ou enxergar algo e esfrega os olhos com frequência. Na escola, demora para copiar as atividades, falta de atenção ou necessidade de sentar muito perto do quadro-negro”, relaciona a médica.
Cenário - As estatísticas assustam. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), 22,9% dos casos de abandono escolar são motivados pela dificuldade de enxergar. Os pais devem saber que 30% das crianças apresentam algum tipo de doença nos olhos e 20% dessas precisam de óculos ainda na idade escolar. A Organização Mundial da Saúde(OMS) estima que 500 mil crianças ficam cegas a cada ano.
As  patologias que assombram a visão dos pequeninos são muitas. Mas entre as principais estão os erros refracionais (miopiaastigmatismo hipermetropia), a ambliopia (”olho preguiçoso”), o estrabismo e a insuficiência de convergência. Os casos podem ocorrer simultaneamente, mas cada um exige tratamento específico. Dorotéia alerta que “o ideal é levar a criança para uma consulta de rotina ao oftalmologista uma vez por ano, mesmo os bebês, a partir do primeiro ano de vida. Caso seja detectado algum problema, essa periodicidade cai para visitas a cada seis meses ou consultas trimestrais. Quanto mais cedo for detectada a deficiência, maiores são as chances de cura, uma vez que o olho humano adquire sua forma definitiva aos sete anos de idade”.
Em tempo - Foi graças a um diagnóstico precoce que Anacélia Martins, 40 anos, psicóloga, conseguiu evitar problemas maiores de visão em sua filha, Amanda Martins, hoje com 8 anos. “Na escolinha, minha filha (que então tinha 5 anos de idade) vivia reclamando de dores de cabeça, dizia que a visão embaçava ao tentar ler o quadro e acabava forçando muito as vistas. Então conversei com a professora, pedi que a trocasse de lugar, levei-a a um oftalmologista. Ele diagnosticou estrabismo e ambliopia”, conta. Foram mais de dois anos de tratamento incluindo exercícios oculares, tampão e uso de óculos, até Amanda ficar totalmente curada. “Sei que se demorasse mais um pouco para identificar estes problemas de visão em minha filha, correríamos o risco de tornarem-se irreversíveis”, reconhece a mãe.
Escola e escolinha – Há sintomas da presença de problemas de visão evidentes no comportamento da criança que podem ser percebidos desde cedo pelos pais, em casa, e, na escola, pelos professores. A oftalmologista do HOB relaciona alguns:
Até dois anos de idade:
  • Falta de reação a estímulos luminosos
  • Aversão à luz
  • Lacrimejamento excessivo
  • Olhos mantidos fechados por muito tempo
  • "Olho torto"
  • Pupila dilatada, opaca ou com reflexo luminoso
  • Olhos vermelhos e com secreção
  • Tremor ocular
A partir dos três anos de idade:
  • Dor ou coceira nos olhos
  • Dificuldade em distinguir cores
  • "Olho torto"
  • Testa franzida para focar imagens
  • Assistir televisão muito próximo ao aparelho
  • Dores de cabeça após leitura e/ou a jornada escolar
  • Olhos vermelhos e irritados
  • Dificuldade em enxergar o conteúdo escrito no quadro em sala de aula
  • Desinteresse em sala de aula
  • Lentidão ao copiar as informações
  • Aproximar demais dos olhos livros e cadernos para ler e escrever
Dicas
Sempre antes do início das aulas leve seu filho ao oftalmologista.
Não utilize colírios ou qualquer medicamento oftalmológico sem consultar um médico

sábado, 23 de janeiro de 2016

RESISTÊNCIA DA CRIANÇA NO PRIMEIRO DIA DE AULA.

pediatra Alessandra Cavalcante, do Hospital e Maternidade São Luiz, dá dicas para os pais contornarem a resistência da criança no primeiro dia de aula.

Desde os primeiros dias de vida, a criança desenvolve uma aceitação à rotina que lhe é imposta. Na maioria das vezes, as ações da criança durante o dia são interligadas às da mãe, que impõe horários e regras que contribuem para seu desenvolvimento. A necessidade de inserir a criança na escola é um processo que muda totalmente a rotina com a qual está acostumada. Ter horários diferentes, ver outras pessoas e conviver em um ambiente novo é muito importante, mas a iniciação da criança em uma escola pode se tornar um problema de adaptação não só para ela como também para os pais.
Segundo a pediatra Alessandra Cavalcante, do Hospital e Maternidade São Luiz, o processo de adaptação é difícil, principalmente devido às mudanças de rotina. A criança passa a ter novas regras e horários diferentes, que devem ser respeitados pelos pais para que esse momento seja visto com naturalidade. “Nas primeiras semanas é normal que a criança chore, até conhecer bem o ambiente. Muitas vezes o choro não vem no primeiro dia, onde tudo é novidade, e aparece quando a criança percebe que aquela será sua rotina e que novas regras serão estabelecidas”, comenta.
No caso dos bebês, que costumam ingressar a partir dos quatro meses na escola, a dificuldade de adaptação é tomada pela mãe. Mas, se for possível, é indicado que a criança entre na escola com dois ou três anos, pois pode compreender melhor os motivos da mudança. “No primeiro dia, a presença dos pais é muito importante para mostrar que aquele ambiente é seguro e confiável. Os pais devem ser firmes e tentar não desistir de deixar a criança na escola no momento do choro. O ideal é esperar que ela se acalme e não entregá-la a força às professoras e funcionários. Vale lembrar que a escola é um lugar legal e que a aceitação tem que partir primeiramente dos pais”, explica a Dra. Alessandra.
Existem alguns fatores que podem facilitar a adaptação da criança a esse novo ambiente, como conhecer a escola junto aos pais. É uma boa oportunidade para explicar o que vai acontecer, que irão aprender coisas novas, fazer novas amizades e que sempre vão retornar para casa, pois esse processo não deve ser associado à um abandono. Ainda de acordo com a Dra. Alessandra, muitas escolas fazem adaptação no período de férias, onde a criança conhece a escola como um espaço de lazer, sem agregar atividades pedagógicas obrigatórias.

É importante também que os pais estejam de olho no comportamento dos filhos durante as primeiras semanas de aula. “Algumas crianças sofrem mais com o ambiente escolar e não se adaptam facilmente, tornando-se mais agressivas ou acuadas. Neste caso um acompanhamento psicológico passa a ser interessante. É comum, também, que as crianças mostrem casos de febres, resfriados e até mesmo diarreias, por conta do contato com outras crianças. Em geral, nós mães sabemos que, mesmo com o coração apertado, essa é só uma fase e que o ambiente escolar proporciona independência e contribui muito para o desenvolvimento dos pequenos”, finaliza a pediatra Alessandra Cavalcante.

NA CRECHE O QUE FAZER NA HORA DO CHORO?


Para crianças até 3 anos, esse desabafo é uma forma de comunicação importante. Saiba aqui qual é a melhor maneira de lidar com as lágrimas...

VÁRIOS TIPOS O choro transmite o que os pequenos não sabem dizer. É preciso aprender a identificar a mensagem.
Adaptar-se ao ambiente e à equipe da creche, despedir-se da família, avisar que a fralda está suja ou que a barriga dói, perder um brinquedo para um colega... Pode não parecer, mas a vida de uma criança até 3 anos tem uma porção de desafios e uma boa dose de estresse! Sem contar com a fala bem desenvolvida, os pequenos não têm muitas opções além das lágrimas, que podem acompanhar chorinhos sofridos ou mesmo choradeiras de assustar a vizinhança.
Para o educador, enfrentar momentos como esses está longe de ser fácil. É natural que surjam sinais de frustração, irritação e, principalmente, falta de paciência. Mas tudo fica mais simples quando se conhece o desenvolvimento infantil e há acolhimento e uma permanente construção de vínculos afetivos com os bebês e as crianças - um trabalho fundamental, que começa ao iniciarem a adaptação e segue ao longo do ano.
Nos primeiros dias da criança na creche, a equipe ainda não distingue os tipos de choro dela. "Há o que expressa dor, o de acordei, vem me buscar e o de saudade, entre tantos outros. Quem investe em um cuidado atento passa a identificar essas diferenças e, assim, descobre qual é a melhor atitude a tomar", diz psicopedagoga.
Para decifrar as lágrimas, é preciso ter em mente que o objetivo dos bebês é comunicar que algo vai mal. "Eles relacionam o choro a uma reação boa. Afinal, alguém vem atendê-los. Esse é o jeito que eles têm de dizer estou tentando lidar com um problema, mas não está fácil. Por isso, devem-se evitar ideias preconcebidas e tentar entender o que o choro expressa", orienta Beatriz Ferraz, coordenadora do Núcleo de Educação Infantil do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac).
Essa pesquisa parte de tentativas e erros e, com o tempo, chega a várias respostas. Quando há dor física, deve-se agir no ato e buscar as devidas orientações médicas. A dor emocional também merece ação rápida e aconchego. "Costumam dizer que, se pegar no colo, a criança fica manhosa. Mas colo e carinho não estragam ninguém e são sempre bem-vindos", garante a psicopedagoga tem hora pra tudo com carinho e afetividade.
Partindo dessa premissa, Vera Cristina Figueiredo, coordenadora de projetos da associação Grão da Vida, em São Paulo, desenvolveu com sua equipe uma proposta preventiva baseada no acolhimento constante. "Logo notamos a importância do brincar junto e do estar próximo, atento às realizações e descobertas dos pequenos. Dar atenção nesses momentos, e não apenas na hora de impor limites, gera tranquilidade e faz o pranto diminuir", conta. Essa experiência jogou por terra a teoria de que acolher deixa os pequenos grudentos e dependentes. "O carinho gera ganhos consideráveis em termos de autonomia", garante Vera.

Não é raro que um simples conflito tome proporções de catástrofe mundial, com direito a gritos, sacudidas pelo chão e soluços sem fim. "Às vezes, a criança perde o controle e não consegue voltar ao normal sozinha. Não dá para cruzar os braços e esperar isso passar nem tentar resolver na conversa". Também não vale cair na armadilha de fazer chantagens para o choro cessar. O melhor é mostrar que entende o problema e pedir que ela respire fundo, lave o rosto e sente no seu colo, passando a mensagem de que você confia que ela vai se acalmar. Não perca a chance: respire fundo e tome fôlego também.